terça-feira, 21 de abril de 2009

Texto Explicativo Taoísmo


A palavra Taoísmo (ou Daoísmo) é geralmente empregada para traduzir dois termos chineses distintos, "Daojiao" (道教) (py Dàojiào, W-G Tao-chiao), que se refere aos "ensinamentos ou à religião do Dao", e "Daojia", que se refere à (道家) "escola do Tao (ou Dao)", a uma linha de pensamento da filosofia chinesa.
Assim, o termo Taoísmo tem mais de um sentido no ocidente, pode referir-se a:

* Uma escola de pensamento filosófico chinês que se baseia nos textos do Tao Te Ching atribuídos a Lao Tse e nos escritos de Chuang Tse.
* Um movimento religioso chinês com origem em Zhang Daoling no final da Dinastia Han que se estrutura em seitas como a Zhengyi ("Ortodoxa") e Quanzhen ("realidade completa").
* As manifestações da tradição religiosa chinesa, de caráter popular, que integram elementos da religião Taoísta, do Confucionismo e do Budismo.

O Tao do Taoísmo

O ideograma Tao (ou Dao) (道) pode ser traduzido como "caminho", mas assume um significado mais abstrato para a religião e para a filosofia chinesa.
Traduzido literalmente, significa "o ensinamento do Tao". No contexto taoísta, 'Tao' pode ser entendido como um caminho no espaço-tempo - a ordem na qual as coisas acontecem.
Como termo descritivo, pode se referir ao mundo real na história - algumas vezes nomeado como o "grande Tao" - ou, antecipadamente, como uma ordem que deve se manifestar - a ordem moral de Confúcio ou Lao Tsé ou Cristo, etc.
Um tema no pensamento chinês primitivo é Tian-dao ou caminho da natureza (também traduzido como "céu", e às vezes "Deus"). Corresponde aproximadamente à ordem das coisas de acordo com a lei natural.
Tanto o "caminho da natureza" quanto o "grande caminho" inspiram o afastamento estereotípico taoísta das doutrinas morais e normativas. Assim, pensado como o processo pelo qual cada coisa se torna o que ela é (a "Mãe de todas as coisas") parece difícil imaginar que temos que escolher entre quaisquer valores de seu conteúdo normativo - portanto pode ser visto como um príncípio eficiente de "vazio" que sustenta confiavelmente o funcionamento do universo.
Os textos acima, são uma tradução dentro do pensamento e postura ocidental, pois a base do TAO é que uma vez tentado explicar ou interpretar o TAO deixa de ser TAO. Ou seja o TAO é o universo "criador" que tudo contém, não pode ser pensado ou idealizado pela criatura, pois como se ensina na Matemática: a parte e o todo (a parte está no todo mas a parte não é o todo).

Taoísmo e Confucionismo

O taoísmo é uma tradição que dialogando com seu tradicional contraste, o confucionismo, modelou a vida chinesa por mais de 2000 anos.
O taoísmo enfatiza a espontaneidade ou liberdade da manipulação sócio-cultural pelas instituições, linguagem e práticas culturais. Manifesta o anarquismo - defendendo essencialmente a idéia de que não precisamos de nenhuma orientação centralizada. Espécies naturais seguem caminhos apropriados a elas, e os seres humanos são uma espécie natural. Seguimos todos por processos de aquisição de diferentes normas e orientações da sociedade, e no entanto podemos viver em paz se não procuramos unificar todas estas formas naturais de ser.
Como o conceito confucionista de governo consiste em fazer todos seguirem o mesmo moral tao, o taoísmo representa de muitas maneiras a antítese do conceito confucionista referente a deveres morais, coesão social e responsabilidades governamentais, mesmo que o pensamento de Confúcio inclua valores taoístas e o inverso também ocorra, como se pode observar lendo os Analetos de Confúcio.

Origens do Taoísmo

Tradicionalmente, o Taoísmo é atribuído a três fontes principais:

* O mais antigo, o mítico "Imperador Amarelo";
* o mais famoso, o livro de aforismos místicos, o Dao De Jing (Tao Te Ching), supostamente escrito por Lao Zi (Lao Tse), que, segundo a tradição, foi um contemporâneo mais velho de Confúcio;
* e o terceiro, os trabalhos do filósofo Zhuang Zi (Chuang Tse).
* Outros livros ampliaram o Taoísmo, como o True Classic of Perfect Emptiness, de Lie Zi; e a compilação Huainanzi.
* Além destes, o antigo I Ching, O Livro Das Mutações, é tido como uma fonte extra do taoísmo, assim como práticas de divinação da China antiga.

Filosofia Taoísta

* Do Caminho surge um (aquele que está consciente), de cuja consciência por sua vez surge o conceito de dois (yin e yang), dos quais o número três está implícito (céu, terra e humanidade); produzindo finalmente por extensão a totalidade do mundo como o conhecemos, as dez mil coisas, através da harmonia das Wuxing. O Caminho enquanto passa pelos cinco elementos do Wuxing é também visto como circular, agindo sobre si mesmo através da mudança para simular um ciclo de vida e morte nas dez mil coisas do universo fenomênico.
* Aja de acordo com a natureza, e com sutileza em lugar de força.
* A perspectiva correta será encontrada pela atividade mental da pessoa, até chegar a uma fonte mais profunda que guie sua interação pessoal com o universo (veja 'wu wei' abaixo). O desejo obstrui a habilidade pessoal de entender O Caminho (veja também karma), moderar o desejo gera contentamento. Os taoístas acreditam que quando um desejo é satisfeito, outro, mais ambicioso, brota para substitui-lo. Em essência, a maioria dos taoístas sente que a vida deve ser apreciada como ela é, em lugar forçá-la a ser o que não é. Idealmente, não se deve desejar nada, "nem mesmo não desejar".
* Unidade: ao perceber que todas as coisas (inclusive nós mesmos) são interdependentes e constantemente redefinidas pela mudança das circunstâncias, passamos a ver todas as coisas como elas são, e a nós mesmos como apenas uma parte do momento presente. Esta compreensão da unidade nos leva a uma apreciação dos fatos da vida e do nosso lugar neles como simples momentos miraculosos que "apenas são".
* Dualismo, a oposição e combinação dos dois princípios básicos Yin e Yang do universo, é uma grande parte da filosofia básica. Algumas das associações comuns com Yang e Yin, respectivamente, são: masculino e feminino, luz e sombra, ativo e passivo, movimento e quietude. Os taoístas acreditam que nenhum dos dois é mais importante ou melhor que o outro, na verdade, nenhum pode existir sem o outro, porque eles são aspectos equiparados do todo. São em última análise uma distinção artificial baseada em nossa percepção das dez mil coisas, portanto é só nossa percepção delas que realmente muda.

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